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Ensaio Espectral

 

Todas as noites escuto os seus sussurros,

A voz me prende em uma espécie de letargia

Que não é sono, mas sim encantamento.

E devagar as energias se entrelaçam suspensas no éter da madrugada

Que extrai dos amantes a simbiose das confidências.

Assim que sou tragada pela experiência da desmedida delicadeza

Das palavras, gotas cristalizadas surgem no vidro embaçado,

Quando o hálito mais gelado evapora no breu.

O espectro transparente e lânguido recosta a cabeça no travesseiro.

Somos a mesma matéria incorpórea, mas em dimensões sobrepostas.

O vulto descortina a alvorada e funde-se no orvalho como parte de um ritual

Que meus olhos buscam entender, comungando através do tempo.

Mais uma vez, rompendo eras por meio das mãos frias que tocam a janela.

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